quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Na Mão de Deus


Antero de Quental acreditou em Deus, deixou depois de acreditar, mas desejava acreditar. Mas não chegou até aí, ao contrário do que se passou com os seus contemporâneos Guerra Junqueiro ou Gomes Leal e mais tarde Leonardo Coimbra. Ainda assim mandou que se colocasse a fechar o seu livro de sonetos o poema seguinte:

Na mão de Deus, na sua mão direita,
Descansou afinal meu coração.
Do palácio encantado da Ilusão
Desci a passo e passo a escada estreita.

Como as flores mortais, com que se enfeita
A ignorância infantil, despojo vão,
Depus do Ideal e da Paixão
A forma transitória e imperfeita.

Como criança, em lôbrega jornada,
Que a mãe leva ao colo agasalhada
E atravessa, sorrindo vagamente,

Selvas, mares, areias do deserto...
Dorme o teu sono, coração liberto,
Dorme na mão de Deus eternamente!

Nota final
Já tínhamos uma página sobre este tema da Existência de Deus, mas queríamos actualizá-la. Como não conseguíamos aceder a ela, em virtude de nos ter sido roubada a palavra-passe (alguém penetrou na nossa caixa de correio electrónico e alterou a chave de acesso), optámos por criar outra, esta.

Sem comentários:

Enviar um comentário